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sábado, 23 de janeiro de 2010

ESPERANÇA PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON


Uma grande novidade e uma nova esperança nos estudos desenvolvidos por um grupo de pesquisadores coordenados pelo brasileiro Miguel Nicolelis, na Universidade Duke nos Estados Unidos sobre a Doença de Parkinson,um tratamento que poderá ser eficiente e menos invasivo para qual problema ainda não se descobriu a cura.
Trata-se da primeira terapia potencial para a doença a ter como alvo não o cérebro, mas a medula espinhal, a parte do sistema nervoso central contida na coluna vertebral. A descrição do método está em artigo destacado na capa da edição do dia 20/3/2009 da revista Science. Os pesquisadores desenvolveram uma prótese para estimular eletricamente o principal condutor de informações táteis para o cérebro. O dispositivo foi conectado à superfície da medula espinhal em camundongos e em ratos com baixos níveis de dopamina, mediador químico indispensável para a atividade normal do cérebro. O objetivo foi representar em modelos animais as características biológicas de indivíduos com Parkinson, incluindo a grave perda de habilidades motoras verificada em estágios avançados da doença. Ao ligar o dispositivo protético, os animais tiveram grande melhoria nos movimentos, passando a adotar comportamentos de exemplares saudáveis. Segundo os cientistas, a melhoria foi observada em média apenas 3 segundos após o estímulo. “Observamos uma mudança imediata e dramática na capacidade funcional do animal que tem sua medula espinhal estimulada pelo dispositivo. Além disso, trata-se de uma alternativa simples e significativamente menos invasiva do que as tradicionais, como a estimulação cerebral profunda, que tem potencial para uso amplo em conjunto com medicamentos tipicamente usados no tratamento da doença de Parkinson”, explicou Nicolelis.
Foram testados camundongos e ratos com déficit agudo e crônico de dopamina por meio de níveis variados de estimulação elétrica. Os estímulos foram usados em combinação com doses diferentes de terapia de substituição de dopamina (3,4 dihidroxifenilalanina ou L-dopa) para determinar os conjuntos mais eficazes. Quando a prótese foi usada junto com o medicamento, apenas duas doses de L-dopa foram suficientes para produzir movimentos comparados com as cinco doses necessárias quando o medicamento é usado sozinho. Enquanto a estimulação cerebral profunda – que envolve cirurgia para implantação de eletrodos – e outros tratamentos experimentais atacam a doença em sua origem, ou seja, no cérebro, Nicolelis e equipe escolheram uma abordagem diferente.

A ideia da estimulação elétrica surgiu quando os cientistas fizeram uma relação surpreendente com outra condição neurológica.Foi um momento de súbita iluminação. Estávamos analisando a atividade cerebral de camundongos com Parkinson e, de repente, me lembrei de uma pesquisa que fiz sobre epilepsia uma década antes. A partir dali, as idéias começaram a fluir”, disse Nicolelis.
A atividade cerebral em animais com Parkinson se assemelha a episódios leves, contínuos e de baixa frequência observados em exemplares com epilepsia. Uma terapia eficaz para tratar epilepsia envolve a estimulação de nervos periféricos, o que facilita a comunicação entre a medula espinhal e o corpo. O cientista e seu grupo partiram desse conceito para desenvolver a abordagem voltada à doença de Parkinson. Segundo Nicolelis, os episódios de baixa frequência, ou oscilações, vistos em modelos animais de Parkinson também já foram observados em humanos com a mesma condição. Estimular a porção dorsal da medula espinhal reduz tais oscilações. “Nosso dispositivo atua junto ao cérebro de modo a produzir um estado neurológico favorável para a locomoção, facilitando a recuperação imediata e notável dos movimentos”, disse Per Petersson, outro autor do estudo. Estudos clínicos Os cientistas apontam que, se a prótese se mostrar segura e eficiente na continuação da pesquisa, poderá ser usada como ponto de partida para o desenvolvimento futuro de dispositivos para implante na medula espinhal humana.
Esses dispositivos produziriam pequenas correntes elétricas e seriam alimentados por baterias inicialmente carregadas e, posteriormente, inseridas no próprio corpo.
“Se pudermos demonstrar que o dispositivo é seguro e eficiente a longo prazo em primatas e, depois, em humanos, virtualmente todos os pacientes [de Parkinson] poderão receber tal tratamento no futuro próximo”, disse Nicolelis.
O grupo de Duke está trabalhando com neurocientistas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) para testar o método em primatas, antes que estudos clínicos em humanos possam ser iniciados. Cientistas do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, também participarão para auxiliar a aplicar os resultados em prática clínica. Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo, em 1984, Nicolelis fez em seguida doutorado na mesma instituição, com bolsa da FAPESP. Em 1992 concluiu pós-doutoramento na Universidade Hahnemann, nos Estados Unidos. Nicolelis é professor titular do Departamento de Neurobiologia e co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne e fundador do IINN-ELS.
O artigo Spinal cord stimulation restores locomotion in animal models of Parkinson’s disease, de Miguel Nicolelis e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.


DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA PUBLICADA NO SITE DA AGÊNCIA FAPESP: http://www.agencia.fapesp.br

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Impacto da Doença de Parkinson na Qualidade de Vida e a Atuação do Terapeuta Ocupacional


A doença de Parkinson é uma enfermidade crônica de caráter progressivo que acomete um em cada mil indivíduos da população em geral e apresenta características que afetam a qualidade de vida dessas pessoas nos seguintes aspectos: físico, mental/emocional, social e econômico. Sua prevalência aumenta em pessoas com a idade avançada e geralmente acomete indivíduos acima dos 50 anos. Os sinais e sintomas clássicos resultantes da depleção de dopamina na substância negra e que apresentam maior relevância são:

  • bradicinesia,
  • tremor,
  • rigidez,
  • instabilidade postural,
  • distúrbios da marcha,
  • dor,
  • fadiga,
  • depressão,
  • distúrbios cognitivos e sexuais.

Com a evolução da doença surgirão complicações secundárias e estas poderão acarretar limitações nas Atividades de Vida Diária( AVD´s) tais como: vestir/despir, lavar, comer, tomar banho;dentro e fora de casa (limpeza da casa ou fazer compras); no trabalho ou nas horas de lazer.Além disso, a limitação social e a sobrecarga econômica são fatores que também afetam diretamente a qualidade de vida desses indivíduos.

É importante destacar a relação entre todos os aspectos citados, embora as dimensões física e mental/emocional pareçam ser as mais relevantes, uma vez que podem ser as responsáveis pelo desenvolvimento de outras limitações.



A INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO INDIVIDUO PORTADOR DA DOENÇA DE PARKINSON



O programa de tratamento que o Terapeuta Ocupacional desenvolverá para os indivíduos portadores da Doença de Parkinson , buscará minimizar as limitações decorrentes da progressão da doença e procurará contribuir para a melhora e a manutenção da qualidade de vida .

Como método de intervenção poderá:

  • Utilizar-se de técnicas adaptativas para a redução dos efeitos do tremor para

    aperfeiçoamento da função da mão,

  • auxiliar no desenvolvimento da destreza manual e coordenação manual explorarando novas possibilidades na execução das atividades favoritas e /ou hobbies,

  • se necessário for, recomendar equipamentos adaptativos e treinar o uso dos mesmos na realização das tarefas diárias( uma simples alteração nos seus utensílios(substituir botões e fechos por velcro, usar lençóis ou pijamas de cetim para ajudar o movimento, bancos na banheira, etc) , copos com duas asas, pentes e escovas longos, escova de dentes elétrica, ajuda a vestir e cadeiras e sanitários elevados para ajudara o sentar e a se levantar.

  • Um computador pessoal com software ativado pela voz pode evitar problemas com os teclados,

  • sugerir modificações na casa ,de forma a aumentar o acesso seguro e torná-lo o mais funcional possível ,para que o desempenho ocupacional ocorra em sua máxima totalidade, afim de proporcionar um elevado grau de autonomia (escadas, declínios e elevações de piso: instalar corrimões para o individuo se segurar, alterar degraus por rampas ou então um elevado).

A perda da capacidade ocupacional pode repercutir de forma negativa na saúde e no bem estar das pessoas e tornará-se agravante quando as perdas forem progressivas e permanentes. A condição de ''privação ocupacional'' passa a existir quando uma pessoa, por qualquer motivo seja ele por privação ou incapacitação física limitação psicossocial deixa de desempenhar o que é significativo para o individuo.

Com o estabelecimento da Doença de Parkinson ,a perda da rotina do dia a dia é significativamente mais marcante, devido ao seu cotidiano(do indivíduo) estruturado durante anos. Junto da perda de habilidade de desempenhar comportamentos ocupacionais desejáveis surgem os efeitos devastadores e que desencadeiam frustrações aborrecimentos.

No inicio da doença, a bradicinesia e a rigidez muscular impedirão na realização das atividades de vida diária como exemplo:

  • mobilidade funcional (deambulação; virar na cama),
  • nos auto cuidados como: banho, o vestir/despir, a higiene oral /intima, a alimentação ( uma refeição que poderia ser consumida em 20 minutos poderá demorar uma hora ou mais e as vezes o paciente por vergonha não a ingeri por inteiro).

De maneira geral o tempo para a realização das tarefas do cotidiano aumentará devido a lentidão e redução dos movimentos,ocorrendo a perda da independência.

Quando o paciente acometido encontra-se em fases produtivas de sua vida, as rotinas estabelecidas ficam difíceis de serem realizadas e mantidas, ocorre então uma desestruturação familiar, pela perda da identidade social como chefe de família e pai de família (no caso dos homens) como empregado(a) e/ou empregador(a). Muitas vezes a pessoas perdem o emprego ou deixam de exercer determinadas profissões como: mecânicos viajantes, pintores,etc.

Em nosso meio social existe a expectativa por parte dos indivíduos integrantes deste meio, de que cada qual desempenhe seu papel social ,seja através de comportamentos ou reações adequadas ;e para isso tornar a ser presente em um individuo acometido pela Doença de Parkinson, requer, tanto por parte dos familiares quanto do individuo em questão uma iniciativa de atitudes, tomada de decisões e sentimentos frente às novas condições de saúde pré estabelecidas.

''A INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL JUNTO AO PACIENTE ACOMETIDO PELA DOENÇA DE PARKINSON AJUDA O A MANTER A MAXIMA FUNÇÃO NAS ROTINAS DO DIA A DIA E POSSIBILITA AO INDIVIUO UMA VIVENCIA SIGNIFICATIVA DE SUA VIDA, MANTENDO SUA AUTONOMIA O MAIOR ESPAÇO DE TEMPO POSSÍVEL.''



Referências Bibliográficas


  • Guttman M, Kish SJ, Furukawa Y. Current concepts in the diagnosis and management of Parkinson’s disease. CMAJ 2003;168(3): 293-301.
  • Gaudet P. Measuring the impact of Parkinson’s disease: an occupational therapy perspective. Can J Occup Ther 2002; 69(2): 104-113.
  • Schrag A, Jahanshahi M, Quinn N. What contributes to quality of life in patients with Parkinson’s disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2000; 69: 308-312.
  • Kuopio AM, et al. The quality of life in Parkinson’s disease. Mov Disord 2000; 15(2): 216-223.

  • TURNER, A. Occupational for therapy.In:TURNER, A; FOSTER, M; JOHNSON, S. E. Occupational Therapy and Physical Dysfunction: principles, skills and practice. 5 ed. Londres: Churchill Livingstone,2002.